Se os olhares matassem creio que hoje tinha sido fulminada.
Entra um casal e reconheço o rapaz. Foi meu colega de secundário. Mal me vê começa a falar entusiasmado da última vez que me viu, à um ano, que se recorda-se perfeitamente de todos os detalhes e faz questão de os contar a fim de me lembrar a mim que já esqueci. No meio do seu discurso pergunta-me se costumo sair para logo de seguida responder ele mesmo um "tu não sais". Respondo que costumo sair mas ele continua veemente que "tu nunca foste de sair" e proporcionalmente ao entusiasmo dele que deita palavras cá para fora em catadupa está a namorada a olhar para mim com um ar de "larguem-me que eu vou-me a ela e arranco-lhe um olho".
E eu assim fico, meio incomodada entre aqueles dois até que ela decide ir embora e ele vendo-a ir segue-a.
Conheço-o da escola de à vários anos, faz-se aquela conversa de circunstância e não nos devemos reencontrar durante os próximos séculos, não percebo o porque da ferocidade com que sou olhada de alto a baixo.
Já é a segunda vez que uma cena assim me acontece, raios.