"Perguntas-me «quando?» E não tenho resposta. O tempo é uma medida ingrata, distorcida.
Digo-te «agora», «este instante», enquanto te perdes num labirinto escuro, numa espiral de contradições. Em círculos vives a cegueira do imprevisível, a ansiedade do querer e não poder. Perdes-te de juízo, dúvidas e complicações. Perdes-te e eu já não te encontro, não te vejo, não te desejo. No instante nosso que passou sem perceberes. No olhar que te despiu e fugiu de raspão, no toque da mão que arrepiou o corpo de prazer, no sorriso que te beija com timidez. Passou o nosso instante mais uma vez. E as perguntas persistem por entre o encaixe perfeito dos corpos que se descobrem num sonho, repetitivo, meu e teu. Surge sempre "o depois" que persegues sôfrego, como um muro alto que nos separa e afasta, onde embato estilhaçada e desisto de te procurar. Onde somos inevitavelmente dois. Perde-se o momento em que te quero, sempre o agora, neste instante. Afogado em perguntas que não respondo, não me perguntes, não me interessa, o que vem depois."
by Closet
Das palavras que podiam ser um qualquer recorte da minha história.
O "quando" entre nós colide sempre com o acontecimento. E o "depois" foge-lhe sempre proporcionalmente à vontade do ponto de partida.